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Gaiola e o Passarinho


Recentemente a esposa de uma amigo criador de pássaros domésticos publicou em sua página do Facebook fotos mostrando a criação do marido e a dedicação do mesmo aos filhotes nascidos. Ato inocente que gerou revolta em uma de suas amigas, “pretensamente” auto denominada “protetora de animais”. A primeira resposta dizia apenas algo como uma ave presa não canta, mas sim lamenta e se gostam mesmo das aves abram as gaiolas. Identificou-se como protetora e colaboradora de movimentos de proteção animal e doações de cães e gatos. Identificando esta forma como a “única” valida em termos de “amar os animais”. Depois, questionada sobre o conhecimento que tinha sobre o trabalho de preservação, dependência das aves ao meio doméstico, única alternativa de sobrevivência a longo prazo para as aves, etc, a mesma retalhou. “Nenhum argumento é possível para me convencer a aceitar as aves em gaiolas”. Pensei então nos muçulmanos xiitas e fundamentalistas, e entendi as semelhanças destes com os indivíduos componentes da proteção animal. Observando mais atentamente, muitos hoje se identificam com esta falácia do sofrimento das aves aprisionadas. A base deste sentimento de “soltem os passarinhos”, vem da idéia humana de liberdade e sua associação com vôo. São antropomorfismos, ou seja transferimos para os animais nossos sentimentos. Longe de mim afirmar que os animais não sentem, ou ainda não pensam. Entretanto devemos ver como estes sentimentos e pensamentos são diferentes. Conforme relatado por diversos pesquisadores as medidas e aferições dos sentimentos animais são bem distantes das humanas. Vejamos um exemplo claro: Um cão possui um amor e dedicação extrema ao seu dono, acompanhando o mesmo ao túmulo e sofrendo claramente com a morte do mesmo. Entretanto nada sente quando a mãe, os irmãos ou o pai morrem. Para nós isso seria impensado e impossível, porém os cães nos demonstram isso. Porque um cão age assim? Considera-nos um ser superior? Depende de nós e sente o mal que nossa ausência fará em sua existência? Pouco se sabe sobre isso, mas podemos avaliar a diferença dos sentimentos animais em relação aos nossos através desse simples exemplo. Assim a afirmação de que aves se sentem presas e sofrem em gaiolas pode também ter seus pontos falhos. Normalmente quando a conversa descamba para este lado, faço duas constatações aos que discordam. Primeiro, Uma ave que se assusta e debate-se na gaiola, faz isso por medo de você e não por causa das grades. Se você se afastar e observá-la de longe verá que ela volta a sua faina diária de comida, bebida, canto e repouso. Demonstrando claramente que o problema é o predador e não as grades. Em segundo proponho que, já que pensam que as aves voam por prazer, criem um ambiente completo em suas casas e vejam se elas se afastam. Ponha um alimentador, bebedor, banho e casinha para reprodução e observem. As aves farão do seu jardim residência e nunca mais se afastarão dele, engordando inclusive. Qualquer um que teve a infelicidade de ter alguma ave fugida do criadouro sabe que se a mesma não cair na boca de um predador, ele estará em outra gaiola, em outro lugar. Com certeza buscou outra gaiola e entrou nela sem pestanejar. Sabendo que ali terá abrigo, proteção dos predadores e alimentação farta. Se assim não fosse a vida das aves em gaiola não seria 3 vezes mais longas do que na natureza. ENTÃO SERÁ MESMO QUE AS AVES ODEIAM AS GAIOLAS, ou nós que odiamos e transferimos isso pensando que é igual para elas. Aparentemente as prioridades das aves podem ser diferentes. Alimento e Segurança podem estar na frente do ódio as grades.

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